2009-04-05

O ano do nosso descontentamento




O primeiro trimestre de 2009 não parece diferir significativamente do registado nos três meses anteriores, destacando-se a queda da produção industrial, comércio externo, e investimento. Contudo, o consumo tem-se revelado relativamente resistente, embora a degradação do mercado de trabalho tenda a acentuar-se.
Os mercados financeiros têm encarado uma relativa estabilização dos indicadores económicos como um facto positivo, arrancando valorizações em quase todos os quadrantes. Os dados económicos, embora apontem para estacionaridade das condições, não revelam ainda indícios de melhoria ou de inversão de tendência. Acredita-se que, em todos os blocos económicos, o PIB irá encolher com excepções pontuais.
Por outro lado, apesar dos esforços realizados, a normalidade dos mercados financeiros encontra-se longe de estar restaurada e os planos de estímulo económico, a despeito da sua dimensão, demorarão a fazer sentir o seu impacto. Assim, o sentimento de alívio, que os mercados parecem viver, afigura-se, sobretudo, como uma pausa para descanso: uma recuperação num movimento marcadamente negativo.
Os resultados de empresas industriais nos EUA e China nos últimos meses de 2008 e primeiros de 2009 acusam quedas de 40%, o desemprego corteja os 10% nas economias desenvolvidas, o comércio internacional contraí-se, e os preços das commodities deixaram de cair. Ou seja, o ambiente económico não pressagia o regresso iminente da bonança.