2009-05-04

História de uma crise


Era uma vez, no país das Américas, onde os Estados se unem, uma economia que prosperava nos anos 90.
Tobias, um jovem cheio de vontade de ganhar dinheiro rapidamente, terminado o seu curso de gestão, ingressou numa empresa financeira vocacionada para os novos clientes da classe média-baixa.
Tobias tornou o acesso ao dinheiro em algo fácil, cada vez mais fácil e os seus clientes nem sequer sabiam que os juros crescem de uma forma exponencial.
Tobias tornou moda ter 4 ou 5 cartões de crédito, comprar carro novo e já agora uma ou duas casas para morar e passar férias … Ah! E já agora um pequeno crédito para essas férias.
O mercado imobiliário florescia, o endividamento aumentava e mesmo que os juros cobrados fossem altos, na conjuntura, as taxas ainda eram reduzidas.
A empresa de Tobias tinha lucros fabulosos e aguçava a cobiça da Banca tradicional que incrementou a entrada neste tipo de negócio.
Tobias tinha um irmão, 16 anos, sem rendimentos, mas a sua palavra de honra bastou para aceder a um crédito imobiliário.
A empresa financeira já vendia os seus créditos aos Bancos, que por sua vez, adiantavam capitais provenientes de outros Bancos e estes emprestavam ainda sobre cada empréstimo concedido.
O irmão de Tobias chegou mesmo a hipotecar a sua casa pela 2ª vez para adquiri um automóvel. Facilmente negociava com o seu Banco, dada a concorrência desenfreada. Afinal de contas, o imóvel que adquiriu há cerca de um ano já valia mais do dobro. A garantia era quase interminável, podia pedir mais e mais com base na sua casinha, agora casarão.
Nunca o dinheiro esteve tão barato e tão fácil. Nunca o consumo tinha crescido tanto e afinal não havia assim tantas pessoas que deixavam de pagar as suas prestações pois as suas casas eram autênticas caixas multibanco.

Depois do dia em que 2 aviões pilotados pela Al-Qaeda atingiram duas torres como se de gémeas se tratassem, bem no centro de Manhattan, o FED baixou a taxa de juro para 1%.
Se os milhares de familiares de todos aqueles que arderam no meio do pó de cimento e do aço derretido estavam desolados com a tragédia e com a insegurança pelo aparecimento de um novo terrorismo medonho, por outro lado, Tobias respirava um novo fôlego. É que a dada altura, a entidade patronal de Tobias já começava a perder algum controlo quanto ao número de pessoas que já deixavam de fazer face aos seus compromissos de crédito.
Agora, com o juro a 1%, os do país do tio Sam aproveitaram para investir em novas casas com empréstimos mais uma vez facilmente concedidos, escondendo uma vez mais a face de um Monstro chamado “Subprime”, calando-o, adormecendo-o com mais endividamento aos que as dívidas já não pagavam.

Tobias trabalhou sempre, até 2004, debaixo de uma esperança que não dependia dele, mas daqueles que deveriam pagar e fazer desaparecer a bolha financeira e imobiliária que inflamava com origem no início desta história.
Mas, da inflamação veio a inflação. Com a economia a abrandar, o FED teve que voltar a subir as taxas de juro e que subida!...
Foram prestações que mais que duplicaram, investimentos que deixaram de existir, casas a mais para vender … afinal não eram casarões, mas casinhas, barracas que já nada valiam!
Nessa altura Tobias recebia na empresa cartas de despedida, despedida dos futuros proprietários das casas que vendera e cuja hipoteca tinha mesmo que ser accionada. Essas cartas, muitas delas, vinham com recheio, um tilintar de chaves que o comprador tinha assumido já não serem dele … já não conseguia pagar aquela prestação.
A vida complicada destes cidadãos entalados entre juros, ambições desmedidas, entalava também as financeiras, Bancos, imobiliárias e empresas de construção.
A bolha rebentou, Agosto de 2007, verão quente, com Tobias despedido da empresa onde a toxicidade dos seus activos assim obrigou. Títulos e hipotecas que valiam menos de metade, ou melhor, valiam zero.
Tobias apenas assistiu à falência da sua empresa e de outra, e de mais uma, e de dois grandes Bancos financeiros, e de um todo colapso bolsista que apagou do dicionário a palavra poupança.
O verão quente de 2007 fez parar toda a economia desse país das Américas onde os Estados se uniam para o motor Mundial não parar. Mas parou, parou tudo, parou o Mundo todo porque o combustível que fez andar o motor afinal era tóxico, pois … o petróleo estava a preços nunca antes visos e uma simples greve de camionistas fazia num cantinho da Europa dois dias de puro pânico com corridas aos supermercados para apanhar o último pacote de leite, de arroz, a água … como se um cataclismo natural estivesse anunciado.

Acreditam nesta história? Não? Eu também não! Afinal de contas ela termina com tudo e todos a desconfiar uns dos outros. Até o Banco onde eu trabalho já desconfia de mim. Pudera!...Se desconfia de todos os outros Bancos e não lhes empresta mais dinheiro, como há-de confiar em mim ou no Tobias?
A crise só é crise porque pessoas como eu e como o Tobias contribuíram, acreditem que inadvertidamente, para o colapso financeiro que hoje afogou o Mundo numa crise social que esta história já não relata, pois esta não é passado nem presente, a crise social é futuro!

2009-04-05

O ano do nosso descontentamento




O primeiro trimestre de 2009 não parece diferir significativamente do registado nos três meses anteriores, destacando-se a queda da produção industrial, comércio externo, e investimento. Contudo, o consumo tem-se revelado relativamente resistente, embora a degradação do mercado de trabalho tenda a acentuar-se.
Os mercados financeiros têm encarado uma relativa estabilização dos indicadores económicos como um facto positivo, arrancando valorizações em quase todos os quadrantes. Os dados económicos, embora apontem para estacionaridade das condições, não revelam ainda indícios de melhoria ou de inversão de tendência. Acredita-se que, em todos os blocos económicos, o PIB irá encolher com excepções pontuais.
Por outro lado, apesar dos esforços realizados, a normalidade dos mercados financeiros encontra-se longe de estar restaurada e os planos de estímulo económico, a despeito da sua dimensão, demorarão a fazer sentir o seu impacto. Assim, o sentimento de alívio, que os mercados parecem viver, afigura-se, sobretudo, como uma pausa para descanso: uma recuperação num movimento marcadamente negativo.
Os resultados de empresas industriais nos EUA e China nos últimos meses de 2008 e primeiros de 2009 acusam quedas de 40%, o desemprego corteja os 10% nas economias desenvolvidas, o comércio internacional contraí-se, e os preços das commodities deixaram de cair. Ou seja, o ambiente económico não pressagia o regresso iminente da bonança.

2009-02-25

Após o 2º mês do ano - Como estamos?



EUR/USD
O euro desvalorizava com os investidores a procurarem refúgio no dólar, porque o mercado aposta na deterioração económica na Europa depois da S&P ter cortado o “rating” da Ucrânia e da Letónia. Contra a moeda norte-americana, o euro deslizava 0,41% para os 1,2793 dólares. Estes cortes levam os investidores a acreditar numa ainda mais profunda deterioração económica na Europa e, consequentemente, a que procurem refúgio no dólar.

PSI 20
A bolsa nacional encerrou em queda, depois de ter estado durante grande parte da sessão a valorizar. O PSI-20 depreciou 0,90%, pressionado essencialmente pelo sector energético e pela PT. O BCP conseguiu hoje, 25/02 finalmente recuperar depois de ter caído nas últimas quatro sessões. Também ontem, verificou-se desvalorização do Banco Espírito Santo (BES), que atingiu um novo mínimo, e da Zon Multimédia que recuou mais de 4%. O principal índice da bolsa nacional (PSI-20) negociou com 11 acções a subir e nove em queda. Na Europa, as bolsas também negociaram grande parte da sessão em terreno positivo mas inveteram para o vermelho depois de terem sido divulgados dados económicos negativos nos EUA.

PETRÓLEO
O preço do petróleo acentuou a tendência de ganhos, tendo já estado a subir mais de 6% no mercado nova-iorquino, depois de ter sido conhecido que as reservas de gasolina nos EUA caíram na semana passada registando a primeira queda deste ano, o que levou o petróleo a disparar mais de 10% no dia do anúncio.

Caso BPP
O Banco de Portugal deliberou alargar por mais 45 dias o prazo, anteriormente concedido ao Banco Privado Português (BPP), de congelamento do dinheiro dos seus clientes. Ou seja, pelo menos até meados de Abril os clientes do BPP não podem exigir o resgate do dinheiro aplicado no banco. O BdP justifica a decisão com 3 factores: mantém-se “a situação de desequilíbrio financeiro” do banco; o BPP “apresentou um plano de recuperação que, após uma primeira apreciação, ainda carece de ser completado com novos elementos” e “é necessário que o BPP possa concluir com brevidade, nas circunstâncias actuais, o processo de resolução das obrigações assumidas”.

BANCA
O comissário europeu para os assuntos monetários, Joaquim Almunia, adiantou que a nacionalização dos bancos é uma alternativa para os governos que estão a tentar eliminar os “activos tóxicos” dos seus balanços.
Uma das situações alternativas é a compra de activos, que incluam mesmo cenários de “bad bank”, e os programas de seguros para os activos. É a cada Estado-membro que decide qual o melhor instrumento a usar.

DESEMPREGO
De acordo com dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no mês de Janeiro inscreveram-se nos centros de emprego 70.334 trabalhadores desempregados, um aumento de 27,3 por cento em relação ao mês homólogo de 2008 e de 44,7 por cento quando comparado com Dezembro.

O Motor da EUROPA
A Alemanha vai estar numa recessão "séria" nos próximos meses, cuja amplitude dependerá do papel estabilizador que poderá desempenhar o consumo privado numa altura em que a crise global afecta as exportações e o investimento. A recessão será marcada por maior quebra das encomendas à indústria e um aumento do desemprego que já no último trimestre foi duas vezes superior às previsões dos analistas, num contexto de queda do mercado bolsista.

EURIBOR
(ver postagem infra)
As taxas Euribor acumulam 96 descidas consecutivas e continuam abaixo da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE), liderado por Jean-Claude Trichet, que é de 2%. O mercado espera um novo corte nos juros do BCE na reunião do próximo mês, já que as economias da zona euro continuam a dar sinais de enorme fragilidade. Hoje, por exemplo, ficou-se a saber que a economia britânica contraiu 1,5% no quarto trimestre, o pior desempenho desde 1980.

2009-01-24

Situação da Euribor


As taxas Euribor voltaram hoje, dia 23/01/2009, a recuar em todos os prazos, tendo a taxa de referência para o crédito à habitação EUR 6M (2,294%) atingido um novo mínimo desde 2005.
Já a maturidade a três meses, desceu para 2,199%.
A Euribor a 12 meses recuou por seu turno para os 2,379%.
As taxas Euribor acumulam agora 73 quedas consecutivas, continuando a aproximar-se da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE), que está agora nos 2%, o valor mais baixo de sempre.

A Comissão Europeia estima que todos os estados fundadores da zona euro vão estar em recessão este ano, ao passo que o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, alertou para o facto de que a crise económica vai ser "significativamente" pior do que o inicialmente esperado.

Os analistas estimam que a autoridade monetária europeia vá efectuar novos cortes dos juros no primeiro semestre do ano pelo que não esperem aqueles que especulavam que a Euribor não baixaria dos 2,5% que podem manter Depósitos a Prazo a taxas de 6%, 5% ou até 4% como até aqui.

Para as Instituições Bancárias que ainda neste mês de Janeiro praticaram e praticam taxas acima dos 5% como se viu por exemplo num dos 5 maiores Bancos nacionais, não vislumbramos como conseguirão compensar nas suas contas de exploração o facto de terem que pagar aos seus clientes durante mais de metade do ano, taxas que assumem desde já quase o Triplo das taxas de mercado. Será que essas Instituições não deveriam ser alvo desde já de inspecção especulativa por parte do BdP ?...Ou a lição não foí devidamente aprendida com outros casos de gestão danosa?...Das duas uma, quem consegue pagar 5,29% a 7 meses ao cliente com a Taxa referência BCE nos 2%, ou é mesmo especulação ou então é "sofreguidão" por recursos dada a nítida falta de liquidez do mercado. Cuidado meus senhores onde aplicam as vossas poupanças...

Nesta mesma postagem poderemos ir colocando mensalmente a evolução da Euribor neste primeiro semestre.


Em 09/02/2009
Euribor a três meses desceu 0,017 pontos percentuais para 2,005%, o seu mais baixo nível desde o dia 1 de Abril de 2004.
A taxa a seis meses, principal indexante do crédito hipotecário, caiu 0,022 pontos percentuais para 2,086%.
A taxa a 12 meses baixou 0,017 pontos percentuais para 2,192%.
Em 25/02/2009
As Euribor voltaram a descer em todos os prazos. A taxa a seis meses, a mais utilizada nos créditos à habitação em Portugal, caiu para 1,951%. No mesmo sentido, a Euribor a três meses, a referência para os créditos contraídos pelas empresas, deslizou para 1,848%, o valor mais baixo de sempre.

2009-01-10

Descubra os melhores investimentos para 2009



No ano passado não houve "plano de combate" que resistisse à violência dos mercados. Quase todas as classes de activos apresentaram desvalorizações e muitos investidores foram obrigados a bater em retirada, refugiando-se na segurança de aplicações como os depósitos a prazo. Este ano é altura de sarar as feridas, limpar as armas e delinear uma nova estratégia para conseguir ter sucesso nos investimentos.

Os responsáveis pela alocação de activos das maiores casas de investimento têm duas ideias em comum para este ano. Por um lado, os aforradores que optarem por continuar escondidos nos depósitos terão de contar com taxas de remuneração mais baixas. Por outro, os mais temerários que não tenham receio de fazer incursões sobre os mercados terão de delinear uma estratégia cautelosa. Como a indefinição e a incerteza deverão continua a marcar presença, principalmente no primeiro semestre, as casas de investimento aconselham os investidores a esperar para moverem as "tropas" para posições mais arrojadas à medida que apareçam oportunidades durante o ano.

ACÇÕES
Atractivas mas arriscadas. Os indicadores de avaliação das acções indiciam que estas transaccionam a valores historicamente baratos, mas para se assistir a uma recuperação é necessário que o sentimento de elevada aversão ao risco desapareça do mercado. Num cenário de recessão, a esperança para esta classe de activos é que o mercado antecipe a recuperação económica. A perspectiva comum é que o primeiro trimestre nas bolsas continuará a ser marcado pela volatilidade e que a estabilidade chegue apenas na segunda metade do ano. Em relação às preferências geográficas as opiniões dividem-se. O Société Générale prefere o mercado norte-americano, enquanto o Citigroup referiu estar mais positivo para o mercado europeu. Já a aposta do Credit Suisse recai sobre o Japão. Quanto aos melhores sectores as perspectivas são consensuais, com as escolhas a recaírem sobre empresas de áreas defensivas como saúde, consumo básico e ‘telecoms'.

OBRIGAÇÕES
Regra geral, os responsáveis pela estratégia das maiores casas de investimento mundiais vêem nos títulos de dívida empresarial a melhor aposta para 2009. Isto porque o ambiente de aversão ao risco levou a uma fuga dos investidores deste tipo de produtos, penalizando empresas quase sem risco de falharem com os seus compromissos. Os ‘spreads' das obrigações corporativas subiram e, de acordo com o Morgan Stanley, apresentam rendibilidades muito atractivas. No entanto, pelo menos enquanto as condições de crédito não estabilizarem, os analistas recomendam a exposição a obrigações de empresas com elevada qualidade de crédito. Já as obrigações soberanas são uma aposta que os especialistas descartam. A procura de segurança dos investidores levou a uma subida no preço, o que anulou as remunerações oferecidas.

INVESTIMENTOS DE BAIXO RISCO
Uma das estratégias que melhor resultou em 2008 consistiu em fugir das aplicações de maior risco e aproveitar as taxas atractivas oferecidas por produtos de poupança indexados às taxas interbancárias como a Euribor. Para além disto, os bancos, a atravessarem um período de falta de liquidez fruto do congelamento nos mercados de crédito, ofereceram melhores condições aos clientes com o objectivo de atrair a aplicação em depósitos
No entanto, para 2009, o preço da segurança de produtos como depósitos ou certificados de aforro poderá ser ter rendibilidades reduzidas, já que as taxas interbancárias estão em queda contínua e acentuada e os economistas prevêem mais cortes de juros por parte dos bancos centrais. No caso dos certificados de aforro, por exemplo, as taxas oferecidas estão neste momento abaixo do valor da inflação, o que significa que os aforradores estão a perder dinheiro.

In Diário Económico(www.economico.pt/noticias)
Rui Barroso
09/01/09

Nosso Comentário de acordo com recomendações dos Analistas
"DESCONFIE DAS TAXAS DE DEPÓSITO ACIMA DO NORMAL QUE NO MOMENTO SE SITUAM ENTRE OS 2% E OS 4,5% TANB" ... "A FALTA DE LIQUIDEZ DE UM BANCO PODE SER INDICIADA POR OFERTAS DE TAXAS SUPERIORES A 5%, O DOBRO DA EURIBOR" ... "SERÁ ESSE UM BANCO SEGURO?"... "UM BANCO CREDÍVEL NO MERCADO EMITE EMPRÉSTIMOS OBRIGACIONISTAS COM SPREADS DE 1% E COMO TAL NÃO NECESSITA PAGAR D.P.'S MUITO ACIMA DESSE VALOR."

Saiba tudo o que vai mudar na sua vida em 2009


Mais desemprego, inflação controlada e apoios do Governo marcam o novo ano.

O ano de 2009 vai trazer muitas mudanças na vida dos portugueses.
A culpada, sem surpresas, é a crise, que se anunciou em pezinhos de lã em 2007 (Agosto), ganhou dimensão em 2008 e prepara-se, agora, para se apresentar em 2009 com a delicadeza de um elefante numa loja de porcelanas. E, apesar de o último ano ter mostrado que as previsões em economia são mais uma arte do que uma ciência, uma coisa parece segura: em 2009, as coisas vão ser bem distintas para a maioria dos portugueses.
A evolução dos preços mostra bem as diferenças. Desde 2000, a inflação tem oscilado entre os 2 e os 3,5%. ...
Alguns dos bens cujo preço não deve subir, quer por via da quebra na procura, quer por causa da mão do Governo...

A isto há ainda que acrescentar o ‘trambolhão' da Euribor - o principal indexante do crédito à habitação, em queda há mais de cinquenta sessões - e o esvaziar da bolha especulativa nos combustíveis, que, em menos de seis meses, trouxe o petróleo dos 147 para os actuais 40 dólares. Para quem tiver um empréstimo de 150 mil euros e gastar 200 litros de gasolina, a evolução dos preços representa, respectivamente, uma poupança de 200 e 100 euros. Um verdadeiro balão de oxigénio.
Quem conseguir aguentar a crise deve, assim, ter um ano de custos baixos. Mas este é um grupo cada vez mais pressionado pelo aumento do desemprego, que pode subir dos actuais 7,7% para 8,5%, segundo a OCDE. Um cenário que, a confirmar-se - e hoje já poucos acreditam nos 7,6% previstos há três meses no Orçamento do Estado - equivale a dizer que entre quarenta e cinquenta mil portugueses vão perder o seu emprego.
O paradoxo é evidente: a crise vai atirar para o desemprego milhares de portugueses mas até pode dar um desafogo àqueles que conseguirem ultrapassar a tempestade sem perderem o posto de trabalho. "Em princípio",confirma a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho, "deve haver um aumento do poder de compra".

O ano de 2009 vai ainda ficar marcado pelas ajudas do Governo, que tem anunciado medidas de apoio à economia a um ritmo frenético. ... Desde medidas fiscais que permitem a dedução de despesas com material informático até aos novos fundos de arrendamento, passando pelas políticas activas de emprego (com novos estágios profissionais, por exemplo), há medidas para (quase...) tudo e todos.

Portagens mais caras, passes ficam iguais
Os passes sociais vão manter os seus preços "pela primeira vez em 30 anos" em 2009, devido à descida dos preços do petróleo, como realçou o primeiro-ministro, José Sócrates. Há, é certo, um senão nesta boa nova: nos últimos 12 meses, o preço destes títulos de transporte aumentou mais de uma vez.
Depois, o reverso da medalha no sector dos transportes: as portagens nas auto-estradas, por exemplo, vão sofrer aumentos com base na inflação de Outubro...
Mas para quem recorre ao automóvel as novidades não ficam por aqui: em Março, serão lançados os painéis que comparam os preços dos combustíveis por gasolineira.

Alívio na prestação da casa
Para as famílias com crédito à habitação, 2009 deverá ser um ano de maior alívio nas contas mensais. Depois das taxas Euribor terem atingido valores máximos no ano passado, a meio de Outubro a tendência inverteu-se e há já 58 sessões que as taxas interbancárias descem. Tudo indica que a tendência deverá manter-se durante o ano de 2009. Os contratos de futuros sobre a Euribor a três meses negociados na Euronext Liffe apontam para que, em Março deste ano, a taxa interbancária se situe nos 2,230% e em Junho a taxa deverá recuar ainda mais já que o mercado espera que a Euribor atinja os 1,975%. Quem viu a prestação da casa ser revista em Dezembro e Janeiro já começou a sentir os efeitos da descida das Euribor.

Mas esta não é a única boa notícia para as finanças dos portugueses. 2009 é também o ano em que entram em vigor as novas regras do Banco de Portugal que impõem maior rigor e transparência da publicidade dos produtos bancários.

Habitação com novas soluções e obrigações
O Governo criou um novo instrumento de ajuda às famílias com dificuldade em pagar a prestação da casa.Assim, criou o Fundo de Investimento Imobiliário para o Arrendamento Habitacional (FIIAH), que permite que os proprietários vendam a casa a um fundo, com opção de recompra. Os fundos estão isentos de impostos, tanto em sede de IRC como de IRS, incentivos para vigorar até 2020.
Mas enquanto umas medidas servem para facilitar, outras podem complicar - pelo menos no arranque. Este é, por agora, o sentimento dos agentes imobiliários no que respeita à nova certificação energética, que passou a ser obrigatória para todas as casas que sejam transaccionadas.
O certificado consiste num documento que informa qual o desempenho energético de uma habitação e vai custar entre um e três euros por metro quadrado. A conta, no final do processo, segue para o proprietário.

Subsídios ao emprego em tempo de crise
Além de reduzir ou isentar as empresas das contribuições na contratação de públicos mais frágeis, alarga, este ano, o subsídio social de desemprego, uma medida que vinha sendo reivindicada pela oposição e pelas centrais sindicais.
Noutro plano, empregadores e trabalhadores podem contar com a entrada em vigor do Código do Trabalho revisto. A nova legislação pretende ser um instrumento de combate à precariedade e adaptar as empresas à economia. O ano de 2009 será ainda marcado pela apresentação do Código de Processo do Trabalho e do Código Contributivo, que define o agravamento da Taxa Social Única sobre contratos a termo - uma medida que pretende dar mais estabilidade no emprego.

Empresas com apoios de emergência
O Governo comprometeu-se a pagar, em três meses (até Março), as dívidas de 2.450 milhões de euros que a Administração Central e as autarquias têm para com as empresas. Deste montante, 1.200 milhões de euros são da Administração Central e 1.250 milhões das autarquias locais e regiões. Este programa de regularização extraordinária de dívidas do Estado a fornecedores funciona através de um balcão único, criado no Ministério das Finanças, "junto do qual os credores privados poderão solicitar o pagamento das dívidas vencidas". Também num plano anti-crise, o Governo disponibiliza às pequenas e médias empresas duas novas linhas de crédito: uma para seguro à exportação, outra (a PME Investe III), como forma de injectar dinheiro para investimento. Esta última ascende a 1.600 milhões de euros, englobando linhas específicas para os sectores exportadores, automóvel, turismo e para as micro e pequenas empresas.

Famílias com ajudas nos impostos
O Orçamento para o próximo ano vai introduzir algumas medidas fiscais para as famílias. Uma das mais importantes tem que ver com a habitação: a possibilidade de passarem a reinvestir as mais-valias conseguidas com a venda da casa num prazo mais alargado. Até aqui, quem vendesse casa, tinha um ano para aplicar as mais-valias na compra de uma nova quando a compra se fazia antes da venda, e dois anos quando a compra se fazia depois de venderem a casa antiga. A partir deste ano, os prazos serão de dois anos para o primeiro caso e de três anos para o segundo.
Outra das medidas com impacto em 2009 é a majoração progressiva das deduções com as despesas à habitação nos quatro primeiros escalões do IRS, o que significa que as famílias com menos rendimentos vão passar a poder deduzir mais. Além desta medida, as famílias vão poder beneficiar do incentivo fiscal à compra de computadores, desde que o aluno frequente um determinado nível de ensino.

In Diário Económico (www.economico.pt/noticias)
Pedro Romano 05/01/09

2008-12-13

Taxas de Juro das Aplicações Financeiras

Neste momento a taxa de retorno média dos DP's é de 4,47%, mais 36 bps do que em Outubro de 2007. Os DP's ainda são uma boa aplicação?... Leia sempre as condições do produto pois nem sempre as taxas anunciadas são aplicadas a todo o capital e por vezes as taxas futuras são apontadas como previsões e não como uma taxa garantida. Tenha sempre em atenção a taxa nominal líquida. A taxa de referência doBCE tem vindo a caír, pelo que as alternativas aos DP's podem ser uma solução no entanto há sempre que ter em conta a liquidez exigida por cada depositante. O prazo deve ser sempre adequado às necessidades financeiras pelo que se pretende investir em fundos de investimento deverá ser tido em conta a possibilidade de maturidades mais longas. Neste momento os fundos de obrigações são os que mais se aconselham pois o facto dos mercados terem caído muito não significa que as acções estejam baratas e seja este o momento certo para entrar. Vemos por parte do BCE neste momento uma politica agressiva de redução de taxas e o concensso do mercado aponta para que as taxas ainda possam descer mais pelo que é credível que as taxas Euribor atingam os 3% a breve prazo com a possibilidade do BCE reduzir mais 25bps à taxa de referência já em Janeiro havendo mesmo quem aponte para uma taxa de 1% no 2º trimestre de 2009.

2008-11-30

Lisboa foi a segunda melhor bolsa europeia em Novembro


O último mês foi marcado pela volatilidade. O PSI 20 conseguiu resistir melhor à turbulência que os principais índices mundiais.
O índice de referência do mercado nacional conseguiu apresentar perdas menores que os principais ‘benchmarks’ mundiais, em Novembro, depois de em Outubro ter registado uma queda histórica. O PSI 20 cedeu 2,03% no mês que hoje termina, enquanto os principais índices mundiais tiveram quedas superiores a 8%. A nível europeu, o desempenho do PSI 20 apenas foi batido pelo índice sueco. A minimizar as perdas no mercado nacional estiveram os títulos da Galp e da EDP Renováveis, que valorizaram mais de 16%. A penalizar a bolsa portuguesa estiveram os títulos da banca. Para Pedro Lino, CEO da Dif Brokers, “os problemas com o BPN e o BPP influenciaram o desempenho da bolsa”. O especialista adianta que “a situação do BPP condicionou os títulos (BCP, Mota-Engil, Brisa) onde o banco detém participações directas. Havia receios de que essas participações tivessem de ser vendidas”, explica Pedro Lino. Para além disto, os resgates dos fundos de investimento prejudicaram principalmente o sector financeiro. De realçar ainda a reduzida liquidez na bolsa: “Há muita gente que se afastou e continua fora do mercado”, afirmou o analista do banco BiG João Lampreia. Desde o início do ano que o PSI 20 acumula prejuízos de 52%.
Fonte: DiárioEconomico.com (Rui Barroso) Edição impressa - Finanças 28.11.2008

2008-11-25

Euribor em queda


Há cerca de um mês que as taxas euribor estão em queda consecutiva. A Euribor a seis meses, por exemplo, caiu mais de 1 ponto percentual desde 10 de Outubro de 2008. O aval concertado dos governos às instituições financeiras desbloqueou claramente o mercado monetário interbancário, permitindo que os bancos voltassem a emprestar dinheiro entre si com maior confiança e, consequentemente, exigindo um menor prémio de risco que se vinha reflectindo nas taxas de juros praticadas.
Em Portugal, fruto da predominância do indexamento à Euribor de maior parte dos créditos prestados pela banca, o reflexo nos valores das prestações far-se-á sentir de forma particularmente significativa ao longo dos próximos meses, do mesmo modo que se sentiu a subida anterior. Nesta caso, a desgraça global, produziu um alinhamento de objectivos com a nossa desgraça local, estando a política monetária comunitária agora bem mais simpática para os devedores portugueses.
Quando a Euribor estiver mais próxima dos 3% (ou um pouco menos) conforme se prevê, vamos vêr o que é que as Instituições Financeiras oferecem em termos de taxa fixa.

Recordo que há um ano as taxas a 6 meses nos EUA eram de 5,2% e neste momento a Taxa de referência Americana situa-se em 1%. A ideia de que a Euribor se possa aproximar de 0% começa a fazer sentido.
Ficam os dados acabados de sair (Fonte: BS Markets):
Euribor 1 Mes 3,954
Euribor 2 Meses 4,274
Euribor 3 Meses 4,343
Euribor 6 Meses 4,399
Euribor 12 Meses 4,458
Publicado por economiafinanças.com em 11 November , 2008 Arquivado em Dinheiros
Fonte: OJE/reuters 28.11.2008
As taxas Euribor voltaram a descer hoje, com a taxa a três meses, indicador principal dos empréstimos interbancários, a cair para 3,853%, o valor mais baixo desde 26 de Fevereiro de 2007.
A taxa a seis meses, principal indexante do crédito hipotecário e que tinha subido para o valor máximo em 14 anos no início de Outubro, recuou para 3,897%, nível mínimo desde Janeiro de 2007.

Comparar depósitos a prazo


Segundo se relata na imprensa de hoje o Banco de Portugal colocou em consulta pública um regulamento que visa garantir maior comparabilidade entre alguns produtos bancários, nomeadamente depósitos a prazo.
“(…) No que respeita os depósitos a prazo, os bancos terão de referir qual a taxa de juro a ser praticada, a possibilidade de movimentação antecipada de fundos aplicados no depósito e a eventual penalização sobre os juros, a existência ou não de capitalização de juros, as condições de renovação do depósito, entre outras informações.
Em relação à abertura de uma conta à ordem, sobressai, nomeadamente, a exigência de uma clara indicação das comissões aplicáveis, descobertos autorizados e respectivas condições, entre outras.
O Banco de Portugal nota ainda que a existência de uma ficha de informação comum a todos os bancos para depósitos, vai permitir ao cliente comparar alternativas apresentadas por outras instituições de crédito. (…)”

Publicado por economiafinanças.com em 17 November , 2008 Arquivado em Instituições Financ., Regulação Económica